Não sei por que acordei. Abri os olhos, ainda meio abobalhado por conta do sonho, depois muito frustrado por conta do fim deste. Estava escuro e frio, o que indicava ser muito cedo ainda. Logo em seguida minha mãe levantou-se sobressaltada e sacudiu-se toda, parecia um cachorro saindo de um banho forçado.
Insatisfeita levantou-se, ascendeu a luz e “fez uma busca” em sua cama: mexeu e remexeu nos lençóis e cobertores, atrás de um inimigo oculto – pra mim inexistente. “Você tá cada vez mais doida” - falei. Resignada, mas não convencida, ela apagou a luz e voltou pra cama.
Foi quando eu ouvi. Não sei como descrever o barulhinho peculiar, parecia uma sacola plástica sendo amassada. Mais tarde minha mãe diria que era o som de um helicóptero.
Mamãe, aliás, deu-me um susto dos diabos! Mas não a culpo, ela mesma tomou um muito maior que o meu, por conta do barulhinho. Deu um grito gutural, nascido de suas entranhas mais profundas, e saltou (com uma habilidade incrível para sua idade) em minha direção. Ascendeu a luz, e pude notar sua cara de pânico (acentuada pelo cabelo emaranhado, o inchaço facial característico de quem acaba de acordar e os olhos cheios de meleca).
- O que foi? - perguntei levantando-me, com urgência na voz.
- Tem alguma coisa andando em mim! - respondeu-me, com histeria na voz.
- A, pára mãe, vai dormir! Tá ficando velha mesmo!
- OLHA LÁ!!!!!
- O que, aonde?
- LÁ!! DO LADO DA MINHA CAMA! AAAAAAAAAAAAAAAAAARGH!
- Calma mãe! É só uma barata (voadora)!
Na verdade parecia um morcego – não, um pterodátilo – mas eu não podia dizer, precisava acalmá-la e, mais do que isso, criar coragem pra salvar o mundo. Preciso admitir: morro de medo de baratas, especialmente as voadoras! Na verdade, tenho pavor de qualquer bichinho que possa caminhar livremente sobre minha pessoa sem que eu possa vê-lo ou impedi-lo – especialmente os voadores.
Enquanto eu procurava armamento pesado para lidar com o “Monstro do Lago Ness”, minha mãe – que não é boba nem nada – saiu de casa, ou pelo menos tentou.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARGH!!
- O QUE FOI MÃE?
- TIROLÊS, SEU #%&#%#&! - Tirolês é nosso cocker, que ansioso pra ajudar deu outro susto em minha mãe, que por sua vez deu outro susto em mim.
- Pô mãe, deixa eu me concentrar!
Achei o que procurava – meu tênis 43. Aproximei-me com muita cautela do inimigo, que parecia desdenhar de minha presença. Tentei parar a tremedeira mas não consegui. Concentrei-me o máximo que pude, mirei cautelosamente e...PAAAAAAAAAF!!
- Ela correu pra lá! Pô Robson, não acredito que você errou! E agora?
- Calma mãe, eu acho ela de novo.
- OLHA ALI! NA CÔMODA!
- Faz silêncio!
Refiz todo o procedimento anterior, desta vez um pouco mais seguro. Pensei comigo: posso errar uma vez, mas não duas! PAAAAAAAAAAAAAF!!
Que nojeira! Nunca vi uma barata tão cremosa! Blergh! Da onde saiu tantas asas?
Matei o bicho, mas fiquei com a sensação de que venci apenas uma batalha, não a guerra. Como não tinha mais clima pra voltar a dormir – tampouco sonhar – aprontei-me e fui pra escola.
Robson Ribeiro
aí, marcelo, a segunda verdadeira q parece mentira! Na íntegra!
ResponderExcluirRobson!
ResponderExcluirAdorei. Você me levou até a cena do 'crime'. Os seus contos envolvem mesmo. E ainda que não fosse verdade se tornaria pelo modo tão real e convincente que você descreve.
Puxa! Além de ser despertado dos sonhos dos sonhos ainda teve que caçar uma barata!
Bom aqui em casa sou a 'assassina oficial' de barata, lagartixa etc. Bingo, nosso Poddle toy' não está nem aí dá uma latida e corre para o outro lado.
Parabéns! Mais um ótimo conto!
É legal sorrir logo pela manhã.
Patricia
sem tirar nem por!
ResponderExcluirPois é! E o sonho tava tão bom! :P
ResponderExcluirO Bingo tá certíssimo! Pra q correr atrás d barata? blergh!
Você parece bem corajosa! rs
Obrigado por mais um comentário!
Bjo!
Robson
ahsiuhaisuahiushaisha
ResponderExcluirimagino a mae:
OOOOORRRGHHHHH