Hoje conversei com duas pessoas muito especiais. Uma durante a tarde e outra durante a noite. São duas amigas que havia muito eu não tinha uma conversa tão sincera e construtiva. Talvez eu nunca tenha tido tais conversas, até hoje. Pra variar, isso me faz pensar. A primeira pergunta: 'Por que deixamos que o tempo crie barreiras tão grandes entre nós e nossos amigos'?
Acho que isso acontece porque chega o momento em que cada um precisa procurar o seu rumo. Nós procuramos um relacionamento amoroso, um emprego, uma faculdade pra cursar. Não sobra tempo pros amigos, nem pra família e o pior: não sobra tempo pra nós mesmos. A segunda pergunta: 'Por que temos que procurar nosso rumo sozinhos'?
Eu não sei com o que os meus amigos trabalham, não sei com o que eles sonham, não sei o que querem da vida, e a recíproca é verdadeira. Isso se estende também aos meus familiares – dos mais próximos aos mais distantes. Talvez a resposta venha do medo da rejeição. Ou não temos certeza do que queremos (e por isso não tocamos no assunto) ou temos medo de fracassar e o pior: que os outros tenham conhecimento do nosso fracasso. A terceira e a quarta pergunta: 'Por que temos medo do fracasso e por que temos medo de que os outros saibam dos nossos fracassos'?
Acho que isso acontece devido à nossa criação. Temos de ser sempre os melhores da classe, tirar 10 em tudo, pra termos os melhores empregos lá frente, pra termos os melhores salários, pra termos as melhores casas e os melhores carros. Ou seja, temos que ser Deus. Quinta e sexta perguntas: 'Por que tivemos essa criação e qual a criação que daremos aos nossos filhos'?
Acho que tivemos essa criação porque nossos pais nos amam, e querem o melhor pra gente. Mas acho que eles não pararam pra pensar sobre o que 'é o melhor' e o que 'dizem ser o melhor'. Não ensinaram nossos pais a questionar e estes, por sua vez, não nos ensinaram a questionar. E o que mais preocupa é que não ensinaremos nossos filhos a questionar.
O que é melhor: um bom emprego ou um emprego que lhe faça feliz?
O que é melhor: um bom salário ou o salário que lhe baste pra ser feliz?
Qual salário lhe basta pra ser feliz? Você precisa de um carro ou do status que ele traz?
Por que você precisa de status? Pra impressionar seus amigos?
Você precisava de status quando conquistou estes mesmos amigos?
As perguntas são profundas e as minhas respostas, eu sei, são extremamente superficiais. Mas o que faz sábia uma pessoa? Suas perguntas ou suas respostas? Quem é feliz de fato, o sábio ou o ignorante?
Alguém sabe dizer por que, depois que nos tornamos adultos, só conseguimos conversar com nossos amigos numa roda de cerveja, seja num barzinho, balada ou simples churrasco? Cerveja virou sinônimo de maturidade. Isso é sério? Uma coisa é certa. Quando estamos alcoolizados, mesmo que levemente ou mesmo 'supostamente', podemos nos desnudar e mostrar algumas de nossas respostas pra todos os questionamentos feitos acima, pois a defesa pro julgamento é infalível: '...a, eu estava bêbado!'.
Isso é preocupante.
Mas hoje foi diferente. Hoje eu me permiti não ser Deus, e minhas amigas – transbordando generosidade – também se permitiram. Hoje nós conversamos como seres humanos, sóbrios, sem medos e sem preconceitos (pelo menos até certo ponto, todos temos nossos limites).
Hoje eu redescobri o prazer de filosofar a dois, de compreender e ser compreendido, de ajudar e ser ajudado. Hoje eu redescobri o prazer de jogar conversa fora, de falar sobre frivolidades, de fazer graça pela gracejo, não pelo que ele pode representar pr'aqueles que, desavisados, pensam que falo sério.
Hoje eu descobri o prazer de pedir desculpas e ser desculpado, por algo que talvez não tivesse a mínima importância antes do pedido de desculpas (o que eu duvido), mas que ganhou uma importância enorme em meu coração – e no dela também, eu sei.
Hoje eu descobri o prazer de saber um pouquinho mais sobre o mundo dos meus amigos, e de mostrar um pouquinho do meu mundo – não por interesse, não por hipocrisia, mas pelo simples prazer de conversar! Muito obrigado!
Robson Ribeiro
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