quarta-feira, 12 de maio de 2010

Eu sou o desapego

De volta pr'esta terra fria e distante não consigo deixar de pensar numa coisa: eu sou o desapego. Criei, pra tentar explicar a tortuosidade da vida, uma teoria. A teoria da espiral. Coisa básica: nós sempre rodamos e sempre chegamos no mesmo ponto, porém, um nível acima. Alguns dirão que podemos também descer os níveis, mas eu não penso assim. Penso que estamos sempre subindo, mesmo quando parecemos descer, assim como os números negativos que tendem a zero e depois deste passam a ser positivos. O fundo do poço é sempre o meio do caminho, não o final. Ainda que alguns insistam em ficar por lá.

Pois bem. Eu sou o desapego. O Sr. Michaelis assim define o desapego:

de.sa.pe.go
(ê) sm (des+apego) 1 Desafeição, desamor, indiferença. 2 Desinteresse. 3 Desprendimento. Var: despego. Antôn (acepções 1 e 2): amor, interesse

Eu sou o desapego nº3. Desprendimento. Os outros dois, pra mim, não existem. Explico: há que se existir muita afeição, muito amor e muito interesse para se ter coragem de desprender-se das pessoas amadas tirando, assim, de suas pernas, os grilhões que lhe impedem o desenvolvimento. Sou o desprendimento porque gosto da liberdade minha e alheia. A liberdade faz parte da genealogia do crescimento, este a força que nos impulsiona na espiral da vida.

É claro que nem sempre pensei assim. Na verdade, sequer pensei sobre isso por grande parte da minha vida e, por isso mesmo, agi sempre de forma totalmente inversa. Tive a sorte, porém, de encontrar pessoas que, conscientemente ou não, me fizeram o grande favor de libertar-me dos grilhões chamados “relacionamentos humanos”.

Sim, os relacionamentos humanos são, em sua maioria, grilhões que nos acorrentam em determinados tempo e espaço, nos impedindo de trilhar nosso caminho pela espiral da vida. Isso acontece porque o ser humano é carente. O ser humano é um animal carente, tem medo de ficar sozinho. Pelo menos o ser humano atual. Por isso tendem a se apegar uns aos outros, de forma que a força gravitacional dessa união impede a cada indivíduo que dela faça parte de alçar seu próprio voo.

Os relacionamentos humanos precisam ser repensados, re-sentidos (não ressentidos).

Em primeiro lugar, devemos compreender a teoria da espiral. Nós SEMPRE voltamos ao mesmo ponto, o que quer dizer que SEMPRE vamos reencontrar aquelas pessoas especiais, que marcaram nossa vida. Ter esta convicção torna tudo mais fácil. Eu sei que vou te reencontrar, e que você (e eu) estará um nível acima na espiral, terá crescido.

Saber que vais reencontrar estas pessoas, por si só, já é um bom pensamento. Saber que vais reencontrar, além das pessoas, um relacionamento mais maduro e portanto mais prazeroso, é motivo suficiente pra deixá-las viver o que têm pra viver. Paralelamente, viverás também o que tens pra viver, e amaducerer também a si próprio.

O segundo ponto é quanto a memória. A memória é testemunha-chave da consciência, nosso advogado-do-diabo (chamado por Freud de superego). Portanto, tua memória deve registrar bons momentos vividos ao lado das pessoas que amas, pois é muito mais fácil desprender-te das pessoas quando tens certeza de que não perdeste tempo precioso com bobagens. Tempo perdido nós sempre vamos tentar recuperar. Impossível. Recuperar tempo perdido é perder tempo vindouro, o que dá na mesma, o prejuízo está sempre lá.

O desapego deve ser praticado em todos os relacionamentos. Tenho que dizer que o desapego não se aplica apenas aos casos cuja separação é o melhor a ser feito. Ele se aplica mesmo em relacionamentos cuja presença é imprescindível, como o casamento.

O último ponto, porém a ordem dos fatores não altera o produto, é o seguinte: para que consigas desapegar-te das pessoas, deves estar muito bem consigo mesmo. Deves pensar, estar ciente e consciente de tua própria vida, do que tens e do que precisas, para que possas viver tua própria vida com propriedade.

Robson Ribeiro

9 comentários:

  1. Não eh por acaso que nossas fêmeas parem uma prole por vez.

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  2. poutz, não entendi pai. o q vc quis dizer?

    e qnto aos gêmeos? asuheuhaeiuhae

    =)

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  3. Olá Robson!
    Você disse tudo! Por mais 'complicado' que possa parecer o apego não é prova de amor. Nenhuma 'prisão' é forma de amor.
    Quanto maior o amor maior o desapego. O deixar livre. O dar asas para voar. É a maior prova de amor.
    Nem sempre é fácil. Mas faz crescer. Concordo com você: o desapego é Desprendimento. É desapego conosco também. Só isso faz crescer.
    Parabéns!

    Bjos
    Patricia

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  4. pô, mas esse negócio é bem dolorido às vezes. ajuda saber q o dente de leite cai mas o outro fica pra sempre (pelo menos deveria)!

    beijo!

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  5. Caramba,

    Comecei a ler seu blog e gostei demais. Este texto...nossa, me fez pensar em coisas que parece que eu já pensava.

    bjos
    Cami (condô)

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  6. hey! muito obrigado pelo comentário cami!
    bom saber q vc gosta de ler meus textos!

    não é novidade q vc pense coisas parecidas com as q eu penso - a gente nasceu no mesmo dia!

    obrigado de novo!
    beijo!

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  7. Robson,
    Oieee...
    Gostei muito do seu texto.
    É bem minha cara, mais devo confessar, queria aprender mais sobre o desapego, principalmente o sentimental.
    Talvez eu seja carente demais...rs...ok, estou tentando mudar isso.
    Vc está certo, o mundo gira, vivemos cada segundo de nossa vida em constante evolução.
    O que hoje nos parece ser eterno amanhã pode não ser.
    No meu ponto de vista, tudo depende de como encaramos as circuntâncias, o apego exagerado nós faz muito mal.
    Aprendi que dessa vida nada levamos, mais podemos plantar nosssas sementinhas nos corações daqueles que nos cercam.
    Gostei do seu comentário no blog.
    Vou indo aqui está muito friooooooo....rs
    Beijos no coração (*_*) Jú

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  8. Olá ju!
    Obrigado pelo comentário!
    De fato, praticar o desapego é algo muito difícil! Todos nós somos carentes :P
    De vez em quando rola uma fossa por aqui - sinto falta das pessoas! Mas, o que não tem remédio...

    beijo!

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