segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Sou o que vejo e vejo o que sou

A vida é uma ilusão. Esta afirmação vem sendo feita desde os tempos da Grécia Antiga. Platão, na sua República, reproduziu um diálogo metafórico entre Sócrates, Glauco e Adimanto, a respeito duma alegoria que descreve a vida numa caverna, onde só podem ser vistas sombras da realidade.

Essa noção de realidade também povoa o imaginário artístico há tempos. Como exemplos podem ser citados “A vida é um sonho”, de Pedro Calderón de La Barca, “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, “1984”, de George Orwell e “Matrix”, dos Irmãos Wachowski. Em todas estas obras, os personagens vivem num mundo onde sua realidade é manipulada e não têm, portanto, noção do que é verdadeiro ou falso.

Na religião, este conflito também se faz presente. Segundo Osho, o mundo que vemos não é o mundo que existe de fato: “...esta árvore que você vê existe sim, mas não do modo como VOCÊ a vê...”. Doutrinas como o Budismo e a Seicho-No-Ie também falam sobre o “despertar para a verdade”, ou seja, deixar de ver o mundo “fenomênico” com nossos olhos carnais e passar a ver o mundo “verdadeiro” com os “olhos da alma”.

Seria a verdade, então, um conceito subjetivo? Acredito no que vejo, portanto o que vejo é verdadeiro? A verdade é verdade até que se prove ser mentira? Mas como se prova ser algo verdadeiro ou falso?

Desta forma, se sou o que vejo e vejo o que sou, posso ser o que quiser! Pelo menos é assim que pensam os produtores do documentário “O Segredo”, baseado num livro homônimo. Se quero ser rico, basta que eu me veja rico. Se quero ser bonito ou amado, basta que me veja assim. Basta que manipule minha própria realidade, de forma consciente.

Sim, de forma consciente, pois costumamos manipular nossa realidade de forma inconsciente, e seguimos inconscientemente numa realidade limitada, se comparada àquela que teríamos se fosse moldada conscientemente.

E a forma como vejo os outros? É real? Conheço mesmo aqueles que estão ao meu redor, ou tenho apenas uma imagem formada, uma pessoa criada com os atributos que eu gostaria – ou não – que ela tivesse?

É comum ouvirmos que idealizamos a pessoa amada, e vemos muito mais qualidades do que ela realmente tem, ou então que os defeitos que vemos nos outros são exatamente aqueles que temos nós mesmos.

Fora do campo artístico-filosófico, o assunto é mais polêmico: quem nunca ouviu falar das famosas “teorias da conspiração”, que vão desde temas irrelevantes como a discussão sobre a morte de Elvis Presley até coisas mais importantes como o contato com extraterrestres, feito em determinada “Área 51”, nos E.U.A.? Pior do que isso: o que dizer das mentiras criadas pelo Comunismo Chinês (entre outros), pela Igreja Católica ou pelo Governo Norte-Americano?

Você acredita na “Guerra contra o Terror”, ou na teoria de que os E.U.A. têm interesses comerciais na reconstrução dos países devastados pela guerra e na exploração do petróleo destes lugares? E quais seriam, então, os reais interesses Norte-Americanos nesta “Guerra ao Tráfico” promovida na América do Sul?

Sob diversos aspectos, a verdade – ou realidade – parece um conceito subjetivo, mutável e manipulável. Como num restaurante “a la carte”, na maioria das vezes nós podemos escolher em que queremos acreditar, mas e quando essa escolha foge de nosso alcance?

Robson Ribeiro

4 comentários:

  1. Velho eu sempre pensei em alguns pontos deste texto, e dessa maneira que você descreve me leva a uma reflexão mais ampla. Muito bom o texto.

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  2. valeu cara!
    acho q todo mundo, em algum momento, fica com uma coisa parecida na cabeça!

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